sexta-feira, 10 de maio de 2019

O excesso de referências aos anos 90 em “Verão 90”


Alguém aí ainda não entendeu que a atual novela das sete, “Verão 90”, se passa nos anos 90? Porque aparentemente as autoras Izabel de Oliveira e Paula Amaral têm a necessidade de lembrar o telespectador desse fato constantemente.

Desde que entrou no ar, a trama tem brincado com momentos marcantes dos anos 90, trazendo para a tela inúmeras referências e menções, porém ultimamente essa brincadeira se tornou quase um lembrete de que a trama é ambientada duas décadas atrás. Os personagens precisam lembrar em todos os capítulos os anos em que a trama se passa, e às vezes, de forma gratuita, sem nenhuma razão.

As citações às novelas dos anos 90, atrizes que estavam em alta na época e músicas das paradas, se tornam cansativas. Por mais que pareçam necessárias, por se tratar de uma novela que se passa em um período próximo e precisa deixar claro que não está em 2019 para um telespectador desavisado, essa exposição só deixa a trama irritante para o espectador diário e infla o roteiro consideravelmente.

É como se “Cheias de Charme” (2012), outro sucesso de Izabel de Oliveira, precisasse falar de “Avenida Brasil” (2012) o tempo todo para se mostrar atual – ambas as tramas foram exibidas simultâneamente. E pode parecer que isso faz sentido numa novela da “época que marcou época”, mas se as autoras querem convencer o telespectador da ambientação temporal da trama, esse “lembrete” só as atrapalha. Já entendemos a vibe anos noventa. Ora, está no nome da trama, vamos lá! Mesmo seguindo a premissa de ser escrachada, o folhetim pode ser melhor do que isso...

Tá! “Verão 90” é um circo declarado, todo mundo já sabe. A novela dirigida por Jorge Fernando aproveita a bizarrice do entretenimento dos anos 90 para não se levar a sério, e acerta em muitos pontos. As referências à antiga MTV Brasil e aos seus programas na emissora fictícia PopTV são alguns desses pontos. Mas “Verão 90” sabe bem perder a linha entre suas sacadas inteligentes e o humor piegas. Sem necessidade.

Texto: Renan Cavalcanti.