Alguém aí ainda não entendeu que a atual
novela das sete, “Verão 90”, se
passa nos anos 90? Porque aparentemente as autoras Izabel de Oliveira e Paula
Amaral têm a necessidade de lembrar o telespectador desse fato
constantemente.
Desde que entrou no ar, a trama tem brincado
com momentos marcantes dos anos 90, trazendo para a tela inúmeras referências e
menções, porém ultimamente essa brincadeira se tornou quase um lembrete de que
a trama é ambientada duas décadas atrás. Os personagens precisam lembrar em
todos os capítulos os anos em que a trama se passa, e às vezes, de forma
gratuita, sem nenhuma razão.
As citações às novelas dos anos 90, atrizes
que estavam em alta na época e músicas das paradas, se tornam cansativas. Por
mais que pareçam necessárias, por se tratar de uma novela que se passa em um
período próximo e precisa deixar claro que não está em 2019 para um
telespectador desavisado, essa exposição só deixa a trama irritante para o
espectador diário e infla o roteiro consideravelmente.
É como se “Cheias de Charme” (2012), outro sucesso de Izabel de Oliveira,
precisasse falar de “Avenida Brasil”
(2012) o tempo todo para se mostrar atual – ambas as tramas foram exibidas
simultâneamente. E pode parecer que isso faz sentido numa novela da “época que
marcou época”, mas se as autoras querem convencer o telespectador da
ambientação temporal da trama, esse “lembrete” só as atrapalha. Já entendemos a
vibe anos noventa. Ora, está no nome da trama, vamos lá! Mesmo seguindo a
premissa de ser escrachada, o folhetim pode ser melhor do que isso...
Tá! “Verão
90” é um circo declarado, todo mundo já sabe. A novela dirigida por Jorge Fernando aproveita a bizarrice do
entretenimento dos anos 90 para não se levar a sério, e acerta em muitos
pontos. As referências à antiga MTV Brasil e aos seus programas na emissora
fictícia PopTV são alguns desses pontos. Mas “Verão 90” sabe bem perder a linha entre suas sacadas inteligentes e
o humor piegas. Sem necessidade.
Texto: Renan
Cavalcanti.